terça-feira, 18 de agosto de 2009

Matéria publicada na Gazeta de Limeira
http://www.mundoplug.com.br/gel--a-garganta-que-embala-limeira-125.aspx

Marcos Paulino marcospaulino@vivax.com.br 27/1/2007

Gel: a Garganta que Embala Limeira

Gel, que trocou a vida religiosa pela música
Rogério de Souza dos Santos já pensou seriamente em ser padre. Mais que pensar, ele se dispôs mesmo a estudar para ser religioso. Um romance, no entanto, fez com que a Igreja perdesse um pastor e a música ganhasse um violonista e cantor talentoso. Já faz um bom tempo que Rogério, ou Gel, como é conhecido desde criança, desistiu de usar a batina e resolveu dar vazão ao seu dom musical. Hoje, aos 35 anos, é um dos mais conhecidos músicos de Limeira, figurinha fácil nos palcos de bares e restaurantes com sua voz grave e seu repertório recheado, principalmente, de rock nacional dos anos 80. Nascido em uma família de músicos, o limeirense Gel descobriu que era bom de voz ainda na infância. Aos 15 anos, já cantava em banda de garagem. Tocar violão, ele aprendeu sozinho. Mas sentia uma forte vocação para a carreira clerical e, durante três anos, estudou num seminário em Campinas. Também chegou a cursar Filosofia na PUC campineira. E participava de pastorais em Limeira. Em uma delas, conheceu a garota que acabaria fazendo com que desistisse do seminário.
Foi aí que se viu sem dinheiro e sem profissão. Já havia trabalhado como marceneiro e como inspetor de alunos, entre outros serviços, mas se sentia perdido profissionalmente. O que sabia - e gostava de - fazer era cantar e tocar seu violão. Por que não fazer disso seu trabalho? De volta a Limeira, criou coragem para se oferecer para tocar em bares. Com um equipamento velho alugado, conseguiu se apresentar numa lanchonete.
Lá, agradou o dono de um bar recém-aberto. Com um parceiro, fechou uma série de shows e, com o cachê, parcelou um equipamento em 10 vezes. O parceiro quis parar, ele não. "Não tem mais volta", disse. Realmente não tinha. Hoje bem equipado, principalmente com os aparelhos modernos que ganhou de seu velho amigo Hudson, aquele mesmo da dupla com Edson, Gel tem uma agenda cheia.
Afinal, há mais de uma década ele atrai, aonde se apresenta, um público fiel. Mas seu grande sonho, no momento, é a gravação de um CD de músicas próprias, que pretende concluir até o final deste ano. Sobre sua carreira, Gel conversou com o PLUG.
PLUG - Há espaços suficientes para apresentações de músicos em Limeira?
GEL - Para os músicos que já estão no mercado, há espaços em bares e restaurantes.
Para você, que tem um repertório basicamente acústico de pop rock, é mais fácil receber convites?
Repertório de bar é basicamente pop rock e MPB, é isso o que a maioria das pessoas faz. Mas cada músico tem seu estilo. Eu, por exemplo, sou reconhecido pelo repertório de pop rock, é o que gosto de fazer. Há quem prefira a MPB clássica, outros tocam MPB moderna, há os que puxam mais para o forró e até os que tocam o chamado "lado B".
Como você faz a escolha do seu repertório?
Em primeiro lugar, você escolhe o que gosta de tocar. Depois, pensa no comércio, tenta visualizar o público que quer atingir. É preciso ter músicas que são cartas na manga, saber tocar um pouquinho de cada coisa, sentir que músicas se encaixam melhor. Também é preciso saber variar de acordo com o lugar em que vai se apresentar.
Acontece de você mudar o repertório durante um show, por sentir que as músicas não estão encaixando naquele ambiente?
Acontece. O músico tem que ter a perspicácia de saber interagir com o público. Mas o grande lance de tocar em bar é ter um repertório pra cima, alegre.
É possível viver só de música numa cidade como Limeira?
Os bares e restaurantes costumam ter agendas fixas, então é muito difícil para um músico que está chegando agora conseguir entrar. Mas há divisões. Viver só de bares é complicado, mas há casamentos, formaturas, que é um mercado que dá mais dinheiro. Só que aí é preciso ter mais estrutura, mais investimento.
Você pensa em lançar composições próprias?
Tenho alguns parceiros, com quem já produzi algum material. A gente já encontrou uma linha, que é a parte mais difícil. Aliás, o que mais me motiva neste ano são essas composições, com as quais pretendo lançar um CD. É um trabalho complicado, demorado, mas quero fazer esse CD ainda neste ano. Sonhar não custa nada.
Você vive da sua voz, das suas mãos. Isso requer cuidados especiais?
Tenho que tomar alguns cuidados. Como vivo só de música há 12 anos, fica mais fácil preservar as mãos. A voz também exige precauções. É importante, por exemplo, dormir bastante. Procuro não beber gelado, então tenho um dia específico para isso. E não fumo nos dias em que vou cantar.
Que conselho você daria a um jovem que sonha em ser músico?
Que vá em frente, que acredite no que faz. As dificuldades vão existir, mas é preciso ser persistente. Muitas vezes tem que ser vendedor, ir de porta em porta. Mas acima de tudo o músico tem que ter alegria. Cantar e tocar são dons, que não se aprendem na escola. Você pode estudar, ter a teoria, mas tocar "de ouvido", só com dom e alegria.



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